A HIENA DO ENTARDECER

A hiena do entardecer se alimenta principalmente de fantasmas, também de histórias construídas ao seu gosto. Não se importa se o fato é verídico ou não - o seu interesse é se alimentar das sombras que a persegue. Normalmente trabalha com mídias que atingem o grande público: cinema, redes sociais, televisão e rádio - ela é formadora de opinião. No caso do cinema e da televisão, onde trabalha com imagens, muitas vezes descontextualizadas, é onde constrói suas narrativas inebriantes.

Normalmente habita no sub mundo da Dark Web e também nos arquivos públicos - onde fuça jornais antigos - tentando mudar a trajetória dos fatos, para enfim construir sua “narrativa”. No livro 1984, George Orwell já previra esse personagem que, para dar legitimidade à ideologia do partido, reescrevia os fatos veiculados nas notícias dos jornais.

Uma “narrativa” divide-se em dois grandes grupos: a oral e a escrita. Ela na realidade é uma descrição de um fato - que pode ser real ou fictício - tendo como objetivo influenciar, informar ou apenas divertir o receptor da mensagem.

Na literatura, tem como objetivo narrar uma sequência de eventos ocorridos em um determinado tempo e/ou espaço, vividos por um ou mais personagens.

As “narrativas” são formadas por várias linguagens; a verbal, a visual e a teatral. O termo vem do latim: “narrare”, que significa “dar a saber, narrar ou contar uma história.”

Atualmente as chamadas fakes News - que traduzindo para o português significa notícias falsas - são veiculadas principalmente pelas redes sociais, onde desempenham um papel importante no mundo e servindo muitas vezes como pano de fundo, para mitificar algo ou alguém com o objetivo de aniquilar os inimigos.

Na verdade - olha o paradoxo - são mentiras divulgadas como sendo verdades, tendo como objetivo, no caso dos sites e blogs - atrair acessos - alcançando desta forma mais publicidades para faturar um bom dinheiro.

Principalmente no mundo da política, são usadas para criar boatos, reforçando desta forma, uma corrente de pensamento, uma ideologia, com o único objetivo: disseminar o ódio por pessoas comuns, políticos e também empresas, influenciando o resultado das eleições.

Sua principal razão de existir é criar polêmicas em torno de uma pessoa ou mesmo de uma situação, para incentivar discursos de ódio, sujar a imagem de alguém, promovendo um clima de medo e insegurança no leitor.

No filme “O Acusado”, o personagem principal, um jovem estudante, tem sua vida totalmente modificada quando, numa viagem para a casa dos pais, uma colega de faculdade o confunde com um terrorista, o qual acabara de explodir uma bomba no metrô, onde ele havia passado.

Depois de muita perseguição pela internet, violência e mortes, a verdade aparece quando o verdadeiro assassino é preso. Mas aí ele já não é mais o mesmo.

Este é o objetivo das “falsas verdades” implantadas nos meios de divulgação, sejam eles: o cinema, a oralidade, a palavra escrita ou os sistemas de símbolos - denegrir a imagem de alguns para enfim, alimentar o ego de uns, que se ressentem de algo que julgam existir.