PENSAMENTO, LINGUAGEM E EROTISMO

“Temos necessidade da arte,

mas só precisamos de uma parte do saber.”

Nietzsche

A palavra “pensar” tem origem no latim “pensare” que significa pesar ou, em última instância: “avaliar o peso de algo, comparar”. O pensamento, produto do ato de pensar, é a energia vital que trazemos para o mundo físico através da nossa atividade intelectual. Segundo Sigmund Freud: “é o deslocamento da energia mental com o propósito de realizar a descarga motora da excitação”.

O pensamento se manifesta através da nossa capacidade de análise, síntese, comparação e generalização. Podemos entender desta forma, que o pensamento é um produto da nossa mente e que surge através da razão bem como das abstrações da imaginação.

O pensamento se expressa no mundo físico principalmente através da linguagem, esses – pensamento e linguagem - são como irmãos gêmeos e por estarem interligados, podemos afirmar que é no campo das artes onde encontram suas formas de expressão mais diversa. Assim exposto, entendemos que a linguagem em suas mais variadas formas: literatura, artes plásticas, dança, música, cinema..., transmite os conceitos, os juízos e os raciocínios do pensamento oriundos da contemplação das representações da realidade feitas pelos homens.

Segundo a poeta Viviane Mosé: “A linguagem permite ao homem brincar com o mundo, se sobrepor a ele por meio da ficção; ela não pode eliminar o abismo constitutivo que nos habita, somos seres vinculados à vida por um fio tênue que em algum momento se rompe, mas as palavras nos fazem dançar sobre todas as coisas.”

O poeta Ferreira Gullar, nos alerta que: “A arte existe porque a vida não basta, é pequena.” E sobre os poetas vai mais além: “O poeta fala dos outros homens e pelos outros homens, mas só na medida em que fala sobre si mesmo, só na medida em que se confunde com os demais. (...) É da própria natureza da arte romper os limites da solidão, ainda que seja abismando-se nela, transcendendo-a por baixo.”

Ferreira Gullar finaliza seu texto “Poesia, uma luz no chão”, com estas palavras: “Sei que para o impasse da poesia e o homem não há soluções definitivas: pretendo que a poesia tenha a virtude de, em meio ao sofrimento e ao desamparo, acender uma luz qualquer. Uma luz que nos é dada, que não desce dos céus, mas que nasce das mãos e do espírito dos homens.”

“É o pensamento, ou o desdobramento de si em imagens, signos, que permite a experiência erótica; ao mesmo tempo, a experiência erótica é o fundamento do pensamento, o vértice em que se encontram corpo e pensamento, porque resulta da relação de impulsos com a lei.” Assim, a poeta e filósofa Viviane Mosé vincula pensamento e erotismo como ingredientes básicos para a criação artística e também do ato de pensar, portanto, para a formulação de uma cultura, necessária para a fixação do homem na contemplação da vida.

Podemos entender desta maneira, a partir do pressuposto acima, sobre a importância transformadora do papel das artes e, no nosso caso - da literatura – sobre o mundo físico, mental, objetivado pela velocidade das tecnologias que nos rodeia. As artes, em seu sentido mais amplo, recolocam o homem no trilho da vida simbólica, e é lá onde encontra a razão do viver.