PORQUE DEVO LANÇAR UM LIVRO
- FREDERICO SPENCER

- 31 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Segundo informações da organização da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco 2021, ocorrida no Centro de Convenções entre os dias 01 a 12 de outubro, foram realizadas mais de 20 oficinas, 50 palestras presenciais, 30 virtuais e 60 lançamentos literários.
O que mais empolga com esses números, é a quantidade de lançamentos de livros - 60 foram realizados na plataforma de lançamento, porém, mais alguns aconteceram dentro dos stands das editoras, nos espaços culturais e nas livrarias que se fizeram presentes no evento.
Esses lançamentos aconteceram, como sempre, de forma muito democrática, gente nova e outros, já com nomes postados na praça deram novo ânimo ao ato de escrever e de assistirem suas crias serem jogadas no mundo através dos lançamentos e a partir daí, perderem o controle de suas obras.
A meu ver, os lançamentos são a força motriz que mantém viva a literatura. Aqui a ênfase é para os novos, que movidos pelo sonho e com sangue novo, empurram para frente toda essa roda do mercado literário.
É com os novos, principalmente, onde se misturam: vontade e realidade - na busca da conquista de um lugar nas cabeceiras das camas do mundo inteiro. Estes, os novos - longe das grandes editoras - ingressam no mercado como independentes, percorrendo um caminho repleto de dedicação e trabalho e com muitos desafios a serem vencidos, iniciando assim seu caminhar no mercado das letras.
Os independentes, assim chamados por não abrirem mão dos direitos autorais de seus escritos, começam dessa forma sua longa jornada rumo ao mercado editorial: a) encontrar alguém para orientação na produção do texto; b) achar um bom revisor, para não deixar que erros ortográficos manchem a escrita; C) um diagramador que organizará a escrita nas páginas do livro (tamanho do livro e tipografia a ser utilizada, quantidade de páginas e arrumação do texto dentro do espaço das páginas); d) um capista para fazer a criação da capa (uma boa capa vende um livro) e depois ISBN, ficha catalográfica e finalmente a impressão do livro.
Dentro do processo de impressão há coisas importantes a serem observadas - preço e qualidade da gráfica onde o livro será rodado, são fatores essenciais para o sucesso da empreitada. Isso garantirá o sucesso da venda. É de se notar que o custo desses itens descritos acima, comporão o valor final para a venda do livro.
A quantidade de exemplares da primeira tiragem é um item importante a ser pensado - o novo autor deve entender que no seu primeiro lançamento, basicamente amigos e familiares serão seu público consumidor. Normalmente as grandes gráficas só imprimem a partir de 100 exemplares e isso pode se tornar um problema a curto prazo.
Enfim, livro pronto, vem a parte da venda, que começa pelo lançamento da obra: local, convites e muita divulgação farão parte de todo o processo. Como o novo autor ainda não tem contatos nos jornais, rádios e televisão, as redes sociais e o corpo a corpo, servirão como ferramentas.
Referente à venda, o autor independente, não vai encontrar livrarias dispostas a se colocarem como pontos de venda - estes espaços são reservados para os medalhões do mercado. Nem as distribuidoras se interessarão pelo livro, devido à pequena tiragem.
Mas enfim, ser independente não quer dizer que só haverá pedras no caminho, dificuldades, todos passam por elas. Grandes alegrias surgirão neste caminhar: palestras, encontros, oficinas de escrita, visitas às escolas e faculdades, são meios de venda e de divulgação - é o autor quem vai decidir o que vai fazer com seu livro, que agora o carrega consigo, embaixo do braço, sendo dono do seu caminho.
Enquanto o novo autor não se torna um “Paulo Coelho”, é preciso entender que o livro independente traz consigo uma boa margem de lucro, que pode chegar até 50% do valor investido. Via de regra as grandes editoras costumam pagar as comissões da venda, depois de seis meses, com uma margem entre 10% a 20%, além de se tornarem donas da obra. Elas também administram todo percurso que o autor deve percorrer, tornando-o assim, um vendedor de luxo da empresa.
Porém, ambos os caminhos são prazerosos, porque atendem às expectativas de sucesso e de realização pessoal do autor, sendo estas as verdadeiras forças que mantém este intricado mercado editorial de pé, que é movido pela paixão de alguns que lutam para verem suas histórias impressas e assim sendo perpetuadas através das gerações.
Vamos parabenizar as letras, os autores, as editoras e principalmente os leitores, que sem estes nada disso existiria. Vivas ao livro que sendo independente ou não, no ano passado bateu recordes de venda devido principalmente ao recolhimento social, demonstrando ser um grande companheiro.
Conforme o poeta Vinícius de Moraes: “que não seja imortal, posto que é chama / mas que seja infinito enquanto dure.”, todo o amor à literatura deve ser vivido, consumido em todo seu ardor.






Comentários