TECNOLOGIA E SOCIEDADE
- FREDERICO SPENCER

- 26 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de jul. de 2022

Os recursos naturais são bens oriundos da natureza e que junto ao desenvolvimento das técnicas - que são meios inventados pelo homem para melhor exploração do potencial dos recursos – produzem desenvolvimento social e econômico para a sociedade como um todo.
Devemos ainda colocar neste caldeirão um outro elemento – as tecnologias – que nestes tempos de globalização, se tornaram importantes fontes de riqueza para as nações. Portanto, os recursos naturais, o aumento da capacidade técnica das comunidades e as tecnologias, atuando conjuntamente, são promotores de riqueza e prosperidade para toda a sociedade.
Podemos ir ainda mais fundo se conceituarmos o que é um e outro. No dicionário Aurélio (2010), encontramos o significado de “técnica” como “parte material de uma arte ou conjunto dos processos de uma arte”. E para “tecnologia”, encontramos “a ciência cujo objeto é a aplicação do conhecimento técnico e científico para fins industriais e comerciais.”
Nos dias atuais fala-se muito em tecnologia e como esta transformou-se numa arma de poder nas mãos dos países mais ricos. Num mundo altamente globalizado, aquele que detém maior arsenal tecnológico - pode facilmente sobrepujar aqueles que menos têm.
Em seu livro “Sociedade Uma Introdução à Sociologia”, Ely Chinoy nos traz um conceito mais abrangente e fala sobre a importância do desenvolvimento das tecnologias nas sociedades como meio de crescimento não só econômico, mas também social: “A tecnologia inclui, entretanto, não apenas instrumentos, máquinas e outros implementos, mas também, os conhecimentos, a habilidade, acumulados necessários à utilização de quaisquer instrumentos disponíveis.”
Dessa forma podemos afirmar, que os materiais com que uma sociedade satisfaz suas necessidades incluem, ao mesmo tempo - os recursos naturais e a tecnologia - e que tanto um quanto o outro transformam aquilo que está na natureza, nas coisas que os homens precisam para realizar seus desejos e vontades.
Para podermos definir ainda melhor um conceito sobre tecnologia, devemos juntar estes dois elementos: o conhecimento tradicional, advindo do conhecimento empírico e as habilidades dos homens, adquiridas no processo de seu trabalho - para garantir sua sobrevivência. Todos esses conhecimentos são geradores dos marcos culturais das sociedades.
Seguindo em frente, Ely Chinoy nos fala: “Os recursos, como as necessidades humanas, não são entidades fixas; as terras e seus produtos só se transformaram em “recursos” quando os homens aprenderam a utilizá-los.” Por conseguinte, podemos afirmar que, todo o conhecimento científico, é construído sobre o que já se usa ou já se sabe.
A partir deste pressuposto podemos entender que “existe uma relação óbvia entre tecnologia e o ambiente geográfico”. Sendo assim teremos, convivendo lado a lado, algo que se transforma muito lentamente – o espaço geográfico – e algo que não temos como aprisionar em nossas mãos, devido à rapidez de suas transformações – a tecnologia.
Quando Chinoy nos fala de conhecimentos e habilidades adquiridas pelo homem através dos tempos, para vencer os desafios de sobrevivência perante uma natureza exuberante, isso nos remete, creio eu, ao conceito de cultura, que são os traços tradicionais de qualquer sociedade e, que sem esses traços não poderíamos desenvolver técnicas tampouco as tecnologias - tão requeridas nos tempos atuais.
Parece-nos, no entanto que, aquilo que é tão requerido nos dias atuais – a tecnologia – que ela dorme no passado e é lá onde teremos que buscar suas bases e consequentemente seus avanços, porém, quando falo em passado, refiro-me aos aprendizados adquiridos através dos tempos, portanto, dos traços culturais de cada povo.
Isto posto, chega-se a uma verdade absoluta: que sem sua cultura preservada, nenhuma sociedade chega verdadeiramente a construir suas bases científicas, tampouco suas tecnologias. Viverá à mercê daqueles que, por apostarem em sua cultura, construíram seu poder econômico, trazendo para seu povo riqueza, prosperidade e consequentemente, poder político.
Ciência e tecnologia não se compram, no sentido lato - de tão rápidas que são as necessidades humanas – mas, devem ser construídas sob a base da cultura de cada povo, que é permanente e abundante, à disposição de todos.






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